Expectativas para o mercado imobiliário em 2014

A cada novo ano, somos convidados a fazer um exercício de futurologia sobre as expectativas do mercado imobiliário. Normalmente, essas previsões são arriscadas.

Para 2013, previmos um crescimento em torno de 10% a 15%. Entretanto, fomos positivamente surpreendidos. Conforme a Pesquisa Secovi, de janeiro a outubro do ano passado, e em comparação com igual período de 2012, as vendas de imóveis residenciais na cidade de São Paulo cresceram 31%. Os lançamentos tiveram alta de 24% e o VGV foi 41,4% maior.

Esse resultado mostrou que o setor soube avaliar corretamente a demanda e ofertar produtos adequados. Exemplo disso foi o grande sucesso dos lançamentos de unidades de um dormitório ou estúdios, que conquistaram o público interessado em investir ou em morar perto do trabalho.

Quanto às perspectivas, 2014 é um ano complicado para avaliações. Copa do Mundo e eleições criam um ambiente diferente daqueles aos quais estamos acostumados. Se por um lado a Copa poderá causar certa diminuição nos negócios, durante sua realização, o fato de termos eleições provavelmente fará com que o governo se empenhe para que a economia seja dinamizada.

Diante disso, poderíamos apostar em mais um ano de crescimento para a indústria imobiliária, talvez entre 5% e 10%, o que será positivo não só para o nosso mercado, mas para a economia brasileira.

A entrada em vigor do novo Plano Diretor Estratégico (PDE), que traz diretrizes interessantes, como a possibilidade de maior adensamento ao longo dos corredores de transporte de massa, é medida fundamental para minorar o problema da falta de mobilidade, mas seus impactos no mercado somente se farão sentir a partir de 2015.

Embora sem efeitos imediatos, isso vem ao encontro de teses há tempos defendidas pelo Secovi-SP, no sentido de promover um adensamento inteligente e criar novos modelos de ocupação urbana, que diminuam os deslocamentos na cidade.

Diante desse cenário, o mercado imobiliário terá de ser ainda mais criativo para manter um bom desempenho, aliando o respeito às regras a produtos que encontrem demanda entre os moradores da cidade.

É preciso ter sempre em mente que a demanda é ampla e assim também é a gama de produtos a ser colocados no mercado, que devem se adequar aos regramentos legais, aos anseios da população e às necessidades da cidade.

Assim, a inteligência imobiliária será decisiva para adaptar o produto imobiliário a aspectos como a limitação do número de vagas nos empreendimentos e novos modelos de interação entre a rua e os edifícios.

Já tivemos a oportunidade de expor ao prefeito Fernando Haddad que o ideal seria estimular o uso do transporte público e não restringir o uso dos carros. Parecem coisas iguais, mas não são. Se o governo municipal puder otimizar nossa não tão adequada rede de transporte público, redistribuindo linhas, ofertando mais ônibus, fazendo dos corredores efetivamente linhas de “metrô sobre pneus” e outras ideias que podem ser desenvolvidas, o uso do carro será desestimulado.

De toda forma, é preciso conhecer profundamente os anseios dos compradores e estruturar empreendimentos voltados para esse público disposto a usar menos o carro.

O mercado trabalha para atender necessidades. São Paulo precisa de 30 mil novas unidades a cada ano. E manter o equilíbrio entre oferta e demanda, como forma de conter a elevação dos preços, é uma das principais funções sociais da indústria imobiliária.

Fonte: Claudio Bernardes – presidente do Secovi-SP, o Sindicato da Habitação

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